Élvio Sousa: os arbítrios do Ser.

Artigo de Opinião de Élvio Sousa

Enleias-me?


...os arbítrios do Ser: poeta, homem, pensante numa terra firme, muitas vezes apelidada de nada


O advogado Rogério Freitas Sousa apresentou no passado dia 13 de Novembro de 2008, em Alfragide, o seu primeiro livro no género literário de poesia. Com o sugestivo tema "Enleias-me" o livro tem a chancela da Papiro editora.

Neste breve apontamento que o Diário de Notícias me proporciona gostaria, efectivamente, de traçar algumas linhas da natureza e do sentimento que o referido livro me fez despertar. Em primeiro lugar, frisar o aspecto da faceta do autor, que alia a escrita à fotografia, numa simbiose temática de seres vivos e inanimados.

"Enleias-me" é um livro tocante e que apetece tocar. Tocante, porque nos revelam intimidades, emoções, percursos de vida de um autor que embora nos habituasse a exteriorização da toga, é um homem incomum, igual a escassos outros que eu conheço.

No enredo das imagens sobressai a fotogenia da Marina Rodrigues, ex-miss de Portugal. A Marina revela-se no livro como que uma personagem de uma história, personificada em capítulos, e onde a expressão de luz visível ressurge no fim, nas "horas de contemplação".

Rogério Freitas Sousa publica neste livro poemas que remontam aos seus dezassete anos. Desse passado ao quase-presente há, conscientemente, uma evolução e uma reflexão que se revela na "curta-duração" da vida. Há uma firmeza em reflectir o Seu e os demais "mundos", numa atitude de repensar as verdades feitas e ditas irrefutáveis.

"Enleias-me" é um livro que apetece tocar e ser tocado, por variadíssimas razões. Apetece tocar porque a sensibilidade e a humildade são tocáveis e reflectem-se na sinceridade do carácter. No poema "Este", tudo isso é visível: "pedem-me que fingidor seja/pedem-me que irredutível seja/pedem, assim, que não seja/ estranho pedir, este".

"Enleias-me" revela-nos os arbítrios do Ser: poeta, homem, pensante numa terra firme, muitas vezes apelidada de nada. Coberta de mar, de menina, de mulher, de veludos e de todo o amor de si e dos outros, a sua poesia nasce de manhã bem cedo e cresce com noite.

Há episódios na vida que nos fazem reencontrar pequenos e grandes amigos. Há palavras e atitudes que nos fazem seguir uns e abandonar outros tantos, amigos. Para o amigo Rogério Freitas Sousa selo aqui, também, o reencontro, as palavras e as atitudes que fazem dele um "enleio" de mim próprio. Para o autor e amigo um pesado abraço e um leve aspiro de liberdade. Porque resistir e não vergar não é um indicador exteriorizável de ser. É um ser de si próprio, é uma virtude deste mundo de tanta gente vendável a qualquer preço." - in DN, de 10-12-2008.

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