Das falácias.
Ainda que cometamos um número infinito de erros, só há, na verdade, do ponto de vista lógico, duas maneiras de errar: raciocinando mal com dados correctos ou raciocinando bem com dados falsos. (Haverá certamente uma terceira maneira de errar: raciocinando mal com dados falsos). O erro pode, portanto, resultar de um vício de forma – raciocinar mal com dados corretos – ou de matéria – raciocinar bem com dados falsos." (O. M. Garcia).
O que distingue o sofisma da falácia, é que, embora ambos sejam basicamente raciocínios errados, a falácia é involuntária. O sofisma tem como objectivo induzir ao engano. O raciocínio falacioso decorre de uma falha de quem argumenta.
Ouvindo atentamente à nossa volta, daremos conta que as falácias e as inconsistências lógicas abundam. Reconhecê-las nem sempre é fácil, especialmente quando aparecem em diálogos, onde podemos não as submeter a uma análise mais profunda (e se assim fosse, revelar-se-iam sem fundamento).
Há, inclusivamente, uma lista de argumentos falaciosos, muito extensa.
E como no meio da estruturação do discurso, pode nem se dar por elas, não se atenta ao enviesamento do raciocício. Por isso, tem de se separar a proposição (a afirmação que se pretende demonstrar verdadeira) do «argumento» que a suporta.
Stephen Dowes tem um Guia para as falácias lógicas. Escolho, hoje, o uso do apelo a motivos, em vez do recurso a razões.
Ou seja, quem me interpela, em vez de sustentar o que diz em razões, usa sentimentos, emoções ou factores psicológicos. A pessoa que ouve ou lê é persuadida a concordar, sob vários «subtipos» deste apelo:
- à força ou à autoridade, do género, "a nova orientação da gestão é a melhor; se não concordares, não votamos em ti para...". Tem de se identificar a ameaça e a proposição - e argumentar que a ameaça não tem relação com a verdade ou falsidade da proposição.
- à piedade, aparecendo o "estado lastimoso" do outro, como em "trabalhei imenso nesse relatório, dia e noite, não pode ser reprovado". Tem de se identificar a proposição e o apelo - e argumentar que o estado (digno de piedade ou de lástima) do autor, não releva para a verdade da proposição.
- às consequências, o que de mau acontece se... como em "vais chegar atrasado e ninguém vai gostar de ti". Tem de identificar as consequências e argumentar que a realidade não tem de se adaptar aos nossos desejos.
- à popularidade, sustenta que uma proposição é verdadeira por ser aceite por muitos. Também é de apelo à emoção, pela filiação ao todos - como em "toda a gente sabe que..." ou "toda a gente faz assim..."
- ao estereotipo, do tipo "uma pessoa razoável concordará com o que propomos". Tem de se identificar o preconceito e discordar da conclusão não é suficiente para dizer que a pessoa é «pouco razoável».
Ouçamos atentamente o que nos dizem... e, não menos importante, o que nós mesmos dizemos.
Verdade ou falácia?!
(Magritte , La lunette d’approche).
O que distingue o sofisma da falácia, é que, embora ambos sejam basicamente raciocínios errados, a falácia é involuntária. O sofisma tem como objectivo induzir ao engano. O raciocínio falacioso decorre de uma falha de quem argumenta.
Ouvindo atentamente à nossa volta, daremos conta que as falácias e as inconsistências lógicas abundam. Reconhecê-las nem sempre é fácil, especialmente quando aparecem em diálogos, onde podemos não as submeter a uma análise mais profunda (e se assim fosse, revelar-se-iam sem fundamento).
Há, inclusivamente, uma lista de argumentos falaciosos, muito extensa.
E como no meio da estruturação do discurso, pode nem se dar por elas, não se atenta ao enviesamento do raciocício. Por isso, tem de se separar a proposição (a afirmação que se pretende demonstrar verdadeira) do «argumento» que a suporta.
Stephen Dowes tem um Guia para as falácias lógicas. Escolho, hoje, o uso do apelo a motivos, em vez do recurso a razões.
Ou seja, quem me interpela, em vez de sustentar o que diz em razões, usa sentimentos, emoções ou factores psicológicos. A pessoa que ouve ou lê é persuadida a concordar, sob vários «subtipos» deste apelo:
- à força ou à autoridade, do género, "a nova orientação da gestão é a melhor; se não concordares, não votamos em ti para...". Tem de se identificar a ameaça e a proposição - e argumentar que a ameaça não tem relação com a verdade ou falsidade da proposição.
- à piedade, aparecendo o "estado lastimoso" do outro, como em "trabalhei imenso nesse relatório, dia e noite, não pode ser reprovado". Tem de se identificar a proposição e o apelo - e argumentar que o estado (digno de piedade ou de lástima) do autor, não releva para a verdade da proposição.
- às consequências, o que de mau acontece se... como em "vais chegar atrasado e ninguém vai gostar de ti". Tem de identificar as consequências e argumentar que a realidade não tem de se adaptar aos nossos desejos.
- à popularidade, sustenta que uma proposição é verdadeira por ser aceite por muitos. Também é de apelo à emoção, pela filiação ao todos - como em "toda a gente sabe que..." ou "toda a gente faz assim..."
- ao estereotipo, do tipo "uma pessoa razoável concordará com o que propomos". Tem de se identificar o preconceito e discordar da conclusão não é suficiente para dizer que a pessoa é «pouco razoável».
Ouçamos atentamente o que nos dizem... e, não menos importante, o que nós mesmos dizemos.
Verdade ou falácia?!
(Magritte , La lunette d’approche).
Comentários
jocas maradas.......sem trocadilhos
Bfs, abraço.
nilson: creio que útil pelo menos. espero que o fim tenha sido óptimo.