Esta anónima idade.
Vem isto a propósito do que sucedeu ontem no meu escritório. Dei instruções à minha funcionária para ligar para uma determinada secção de processos dum tribunal de fora de Braga, para esclarecer algo de incompreensível a respeito de umas notificações. O dito tribunal tem vários juízes; por isso, durante o telefonema interrompi a funcionária discretamente e disse-lhe que também perguntasse o nome do senhor juiz ou senhora juíza a quem estava distribuído o processo. Resposta prontíssima seguida de imediato desligar: “Ai não, isso é que não digo de certeza!”
Não me digam que é o oficial de justiça que sofre de limitações, porque isto não é infuso, aprende-se com alguém. Acontece, meus amigos, é que já não bastavam as assinaturas ilegíveis em sentenças, despachos e promoções; agora entrámos definitivamente na era dos magistrados anónimos. Quando cumprimento um juiz pela primeira vez, digo sempre o meu nome profissional: é norma de boa educação e prática de prudência, não vão confundir-me com outros – e desde logo com as pessoas presentes. Nunca ouvi um magistrado a responder-me identificando-se. Este não é pois mal dos tempos. Mas é obra, convenhamos." - Alberto Jorge Silva, Advogado.
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